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Da mãe para o filho

From a mother to a child



A Esmeralda é a “mãe-drasta” do Guilherme! A expressão é dela que, como me admitiu, odeia o termo madrasta. Parece depreciativo, culpa dos estereótipos sociais. O problema é que ela também não é mãe biológica do Guilherme. Porém, o amor que sente é incondicional, como de qualquer mãe: foi buscá-lo à escola imensas vezes, deu-lhe conselhos, ouviu-o, comprou-lhe presentes, alimentou-o quando ele passava dias em casa dela, esteve presente nos momentos mais importantes da sua vida e deixou que ele entrasse no seu coração. Ambos são introvertidos, recatados, com os sentimentos guardados no fundo da alma, envergonhados em admitir o quão importantes são um para o outro. O Guilherme cresceu, dividido entre duas casas, com afetos a duplicar e, por isso, tudo correu bem. Hoje está na faculdade e, aos poucos, ganha a sua independência e vai-se afastando das raízes à procura da sua própria identidade. Esmeralda imagina-o cada vez mais longe, o seu menino, que já é crescido e nunca foi seu. Como se diz a um afilhado que o amor que se sente por ele é tão forte como o de uma mãe? Há imensas maneiras, uma delas, claro, é estar sempre presente e nunca falhar. Outra é imortalizar essa devoção. Pois, Esmeralda escolheu-me a mim para exprimir por palavras e fotografias esse carinho que lhe corre nas veias. A partir das suas memórias, partilhadas ao telefone, contei uma história que já tem mais de uma década e um valor incalculável. Foi o presente que Esmeralda escolheu dar ao Guilherme, em vez de qualquer outro objeto que um dia cairia em desuso ou esquecido a um canto. Agora está tudo escrito e ninguém o pode negar. São as memórias de amor, exemplos de vida que me deixam encantado. Felicidades aos dois.



Esmeralda is Guilherme’s stepmother! She hates the term stepmother, it seems derogatory, influences of the social stereotypes. The problem is that she is not the biological mother either. But the love she feels is unconditional, like any mother would: she picked him from school, gave him advices, she heard him, bought him gifts, fed him when he spent days in her house, was present in the most important moments of his life, and step by step she let him enter into her heart. Both are introverted, modest, with the feelings stored deep in their souls, ashamed to admit how important they are to each other. Guilherme grew up divided between two houses, doubled with affections and so everything went well by the end. He is now in college and gradually gains its independence as he goes away from the roots in search of his identity. Esmeralda imagine him ever further, her boy that was never really hers. How one says to a godson that the love one feels for him is as strong as that of a real mother? There are plenty of ways, one of which of course is always be present and never fail. Another is to immortalize ones devotion. Esmeralda chose me to put into words and photographs in a book all that affection. Through their memories, shared on the phone with me, I was able to write a story that already has more than a decade and now is invaluable. The photo album was the gift that Esmeralda chose to give Guilherme rather than any other object that one day would be unused or spoiled. Now the story is written and no one can erase it. These are the memories of love, an example of life that left me spellbound. Best wishes to both.

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