A morte é,
sem dúvida, a maior tragédia da existência humana, porque é inescapável. Em
julho do ano passado, João faleceu vítima de cancro, após três meses de
tratamentos, operações e ambulatório. Dias num hospital à espera do fim. Cátia,
a esposa, esteve sempre lá, ao lado dele, apaixonada, acarinhando o seu amado.
Como se processa tudo isto? Cátia solta uma gargalhada nervosa e encolhe os
ombros. “Vivendo”. Numa entrevista, para o livro que me pediu para lhe fazer,
retirei alguns pensamentos que gostaria de partilhar porque, creio, são lições
de vida para mim e para si. Embora este seja um exercício egoísta e injusto, a
verdade é que podemos aprender com a tragédia dos outros. “Foi tudo tão rápido
que nem deu para pensar”, resume ela, do outro lado da linha telefónica. “Ele
começou a ficar muito cansado. Chegava a casa, comia e deitava-se logo. Depois
vieram as dores abdominais e aí fomos ao médico que, após as análises,
revelou-nos o pior: nada havia a fazer”. Tentaram tudo, desde retirar tumores,
quimioterapia, porém havia metáteses espalhadas pelo corpo e a sina estava
marcada. Cátia esteve sempre ao lado dele. Deixou o emprego, acompanhou-o na
recuperação das operações, sempre de mão dada, limpando, arrumando o quarto,
dando de comer, colocando a palhinha na boca. Dormente da dor, ela assistia às
últimas cenas de uma relação única que começara 12 anos antes.
Cátia and João met in 2004. They started dating the February 14th of that year and married in 2006. In the ten years that lasted the marriage, they lived in love, built a house with the help of parents, toured a lot, something that they loved to do, and they were planning to have children when the fatal news fell that like a bomb in the middle of them. From that moment on, all dreams cease to exist and planned trips had to be postponed. Cátia was the strength of João. He never allowed parents or in-laws could see him languish. At the time of death, in the hospital room, Cátia who was there, hand in hand, to silently bid farewell to the love of his life. "I remember the last snort and a tear running down the corner of his eye. We were holding hands and I felt when he left this world", she remembers. Words said with a heavy heart and strong enough not to cry. There is nothing to do now. And what do you do now, I ask her? "I bought a puppy and do volunteer work in a hospital and a nursery. I try to use my time to the fullest because if I stayed home I would go nuts", she assures. Katie has spent her last months helping bedridden to eat their meals and entertain the happiest children. When she arrives to house they both built, she closes her eyes and sit in the sofa with his new canine company at her side. In one of the bedrooms she keeps all the memories of a great love. "He asked me to never stop being happy, to continue to travel, like I was close to him." She recently went to Cape Verde, Malta and Istanbul. Every trip, she joints pieces, postcards, photos and memories in that room of memories. Gradually, Cátia keeps alive the memory of the person she loved the most in the world.
O teu blog é tão bom! Aterrei aqui hoje e encantei-me com o conceito, está muito bem conseguido. Beijinhos :)
ResponderEliminarPerdida em Combate
Olá Nádia. Obrigado pelas tuas palavras. :-) Também espreitei o teu blogue e adorei o que vi e o que li. Muito bom. Escreve bem. Beijinhos também para ti. :-)
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