É
uma das minhas mais ternas memórias de infância: croissants dentro de uma lata.
Os meus pais foram emigrantes em França e eu nasci em Paris. Vivi lá até aos
seis anos de idade e tenho algumas recordações que guardo com carinho: os
passeios na neve com a torre Eiffel como pano de fundo; os desenhos animados na
televisão; o jardim de infância e os croissants que a minha mãe comprava e que
vinham dentro de uma lata. Na verdade é mais um rolo de cartão que se descola a
partir de uma das pontas. A massa lá dentro está fresca e com a pressão ela
explode para o exterior. Depois é só desenrolar e cortar pelo picotado. Adorava
ver a minha mãe a fazer o trabalho. Punha-me de joelhos em cima de um banco de
cozinha e vi-a ao balcão a enrolar cada croissant com jeitinho e depois colocá-los
no forno.
Quando
vim para Portugal, no outono de 1982, para começar a primeira classe, a vida
mudou. Por cá este era um produto inexistente, tal como muitos outros aliás.
Lembro-me que durante muitos anos, o meu pai ainda regressou a França em
trabalho e depois trazia chocolates que cá não havia, entre outros produtos. Os
croissants em lata, por serem um produto refrigerado, não podiam vir no avião,
ou no carro. Aquilo ficou guardado no baú e nunca mais provei o cheiro de
croissant acabadinho de fazer.
When I came to Portugal in the fall of 1982 to begin the first class in school, life changed. In Portugal it didn’t existed, like many others products for that matter. I remember that for many years, my father returned to France several times to work and then he brought chocolates that didn’t existed here. The croissants in a can, being a refrigerated product, they could not come on the plane or in the car. So I never tasted croissant in a can ever again.
However, sometime ago, I saw it in an English grocery list. Now, I have a sister living in London and so I decided to take a chance and ask her to bring. And here they are. Still warm, cooked out of the oven. Oh, my God, what an emotion, so many years later! So much time gone by and it seems that returned my childhood to a time when I was so happy. I confess that it moved me a little bit with this simple thing, but I'm so lame. Maybe one day someone decides to commercialize this product here...?
Já existe em Portugal. No Apolónia no Algarve.
ResponderEliminar