A cantar desde 1990

Houve um dia em que Ana Laíns disse que queria ser cantora.  Largou as saias da mãe, fez-se à estrada e alugou um quarto em Lisboa. Tinha meia dúzia de tostões no bolso e um prazo limite para concretizar o sonho. "Tive sorte, porque consegui logo arranjar emprego. Era a cantar no casino. Não era o que eu mais desejava, mas era bem pago", recorda. Fez o circuito das casas noturnas, atuou em bares, estudava, aprendia os segredos da fama e, aos poucos, ganhou a devida coragem para produzir o primeiro álbum. "Foi um pouco por acaso. Estava no casino da Figueira da Foz, quando o meu atual produtor me ouviu pela primeira vez e gostou da minha voz. Na altura, eu cantava, sobretudo, covers, e ele propôs-me ajudar-me a ter uma carreira a solo com músicas minhas. Era um desafio exigente, mas eu achei soberbo e aceitei". Quem achava estranho era o pai que ouvia o barulho dos instrumentos a sair do quarto. "Ele entrava no meu quarto e meio a brincar meio a sério perguntava se aquilo que estava a fazer era mesmo música". Ana Laíns ri-se das recordações dos ensaios que ela e o seus músicos faziam no quarto, antes de ter um estúdio de gravação. "Eu respondia, meio atrevida, que já que ele não gostava que só ia ouvir quando o CD estivesse à venda e nunca antes disso!". É das frases que ela mais se arrepende de ter proferido. O pai de Ana Laíns faleceu dias antes do disco estar pronto e por isso nunca ouviu o resultado final.

There was a day when Ana Laíns said she wanted to be a singer. She dropped her mother's skirts, made up the road and rented a room in Lisbon with a half a dozen pennies in her pocket and a deadline to achieve the dream. "I was lucky, because I could just get a job in few days singing in a casino. It was not what I wanted the most, but it was well paid," she recalls. She made the circuit of the clubs, served in bars, studying, learning the secrets of fame and gradually gained the necessary courage to produce the first album. "It was somewhat by chance. I was in Figueira da Foz casino when my current producer heard me the first time and liked my voice. At the time, I sang, above all, convers, and he offered me help toproduce a solo album. It was a demanding challenge, but I found superb and I accepted". Who thought all that very strange was the her father who heard the sound of instruments out of her bedroom. "He used to came into my room and half-kidding half seriously wondered if what I was doing was really music". Ana Laíns laughs at those memories the first songs she played with her fellow musicians in her bedroom, before having a recording studio, of course. "I answered him, half daring, that if he did not like the sound he would only hear the final product when the CD was on sale and never before!". It is the phrase that she regrets the most. Ana Laíns's father died days before the disc was out and never heard the final result.