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Do outro lado da fama

The other side of fame



O prémio Carlos Paredes 2015 foi entregue aos Lisbon String Trio. Um galardão atribuído pela Câmara de Vila Franca de Xira ao reconhecimento pelo préstimo à música portuguesa. A banda atua, esta quarta feira, 16 de dezembro, na biblioteca Fábrica das Palavras. O suficiente para uma conversa com José Peixoto, um dos mais conceituados músicos portugueses, membro dos Madredeus e colega de Rui Veloso, Janita Salomé, Mário Laginha, Mafalda Veiga, entre outros, e criador deste projeto musical.

António Dias: Já não é a primeira vez que participa num trio instrumental.
José Peixoto: É verdade. Mas os outros trabalhos eram diferentes. Com este tipo de instrumentos é a primeira vez. Desta forma, conseguimos introduzir uma linguagem diferente e podemos tocar de outra forma e, com isso, atingir outra mensagem que de outra maneira seria impossível.

Como começou a ideia?
Eu estava a trabalhar num outro projeto onde colaborava com Bernardo Couto. Éramos dois e, aos poucos, a química foi crescendo e sentimos a necessidade de contar outras histórias através de outro tipo de linguagem musical. Daí começámos a pensar no que fazer e achámos que seria importante juntar à guitarra clássica e à guitarra portuguesa o contrabaixo e aí contactámos o Carlos Barretto, um dos mais importantes profissionais neste instrumento e foi assim que os três começámos a trabalhar juntos.

É, no entanto, um trabalho um tanto marginal tendo em conta o panorama musical português. Com tanta valorização do mediatismo e redes sociais, é possível sobreviver?
É difícil, mas acho que há sempre lugar para trabalhos como os nossos. É claro que passamos muito ao lado da fama, não tocamos na rádio e raramente vamos à televisão. Fazemos parte apenas de um pequeno circuito de apreciadores de música instrumental, jazz ou pequenos clubes. Se gostava que fosse diferente? Gostava, mas percebo a mecânica do jogo. Não trazemos tantos dividendos como outras bandas ou cantores, mas acho que é possível ainda viver.

O José Peixoto conhece, no entanto, os dois lados porque já fez parte de um projeto de grande fama, os Madredeus. Em que terreno se sente mais confortável?
Sem dúvida que é nestes projetos mais pequenos que me sinto mais completo porque posso expressar mais os meus sentimentos. Nos Madredeus eu era apenas um membro da banda, tinha que tocar e respeitar as regras do maestro, cumpria as ordens. Mas neste projeto sou o criador e é assim que me sinto em pleno.

Este prémio acaba por dar ânimo…
Sem dúvida. Ainda bem que há quem ainda reconheça o valor da música instrumental portuguesa. Sentimo-nos muito felizes pelo reconhecimento e é claro uma honra receber este prémio da autarquia de Vila Franca de Xira que até já foi entregue a pessoas como ao Mário Laginha ou ao Pedro Caldeira Cabral, grandes referências da música portuguesa. É um orgulho.

Entretanto, já preparam um segundo disco. Deduzo que é resposta ao sucesso do primeiro.
Sim. Tivemos boas críticas e boa aceitação por parte do público, por isso quisemos continuar o conceito e preparámos mais um álbum que já está pronto e apenas em fase de mistura. Deverá ser lançado em fevereiro de 2016. Estamos muito contentes com o trabalho e com este prémio que, sem dúvida, nos deu um grande empurrão. E se o próximo CD tiver sucesso pode ser que haja um terceiro e um quarto!


The Carlos Paredes 2015 award was presented to the Lisbon String Trio. A medal atributed by the Vila Franca de Xira Chamber for the inovation in Portuguese music. The band plays, this Wednesday, December 16, in the Vila Franca de Xira library. All this was an excuse for a conversation with José Peixoto, one of the most respected Portuguese musicians, member of Madredeus and colleague of Rui Veloso, Janita Salomé, Mário Laginha, Mafalda Veiga, among others, and creator of this musical project.

António Dias: It's not the first time you participate in an instrumental trio.
José Peixoto: That's true. But the other works were different. With this type of instrument is the first time. Thus, we introduce a different language and we can play different themes and thereby achieve another message that otherwise would be impossible.

How did the idea came about?
I was working in another project with Bernardo Couto. We were two and gradually the chemical was growing and we felt the need to tell other stories through another kind of musical language. Then we started to think what to add a third instrument besides the classical guitar and the Portuguese guitar, so we thought about the bass then contacted Carlos Barretto, one of the most important professionals in this instrument and that's how the three started working together.

It is, however, a job somewhat marginal in view of the Portuguese music scene. With so much media attention and appreciation of the social networks, can this genre survive?
It's hard, but I think there's always room for work like ours. Of course we pass by all the fame, we're not played on the radio stations and seldom go to television. We are part of a small circuit of instrumental music lovers, jazz or small clubs. If I would like it to be different? Yes, but I understand how the game works. We do not bring many dividends as other bands or singers, but I think we can still live from this king of music.

You know, however, the two sides of fame because you were part of a famous band, Madredeus. Where do you fell more comfortable?
No doubt in is these smaller projects that I feel more complete because I can express my feelings more. In Madredeus I was just a member of the band, had to play and respect the rules of the conductor, fulfilled the orders and follow the business. But with the Lisbon String Trio I am the creator and that's how I feel more complete.

This award ends up pushing up the mood of the band, right?
No doubt. Thankfully, there are those who still recognize the value of the Portuguese instrumental music. We are very happy for the recognition and of course is an honor to receive this award from Vila Franca de Xira Mayour, an award that was also given to people like the Mario Laginha or Pedro Caldeira Cabral, great references of Portuguese music. It is a pride.

However, you are already preparing a second disc. I gather it's response to the success of the first.
Yes. We had good reviews and good acceptance by the public, so we wanted to continue the concept and we are preparing another album that is ready and only in mixing stage. Should be released in February 2016. We are very pleased with the work and with this award that certainly gave us a big push. And if the next CD is successful there may be a third and fourth! Who knows?

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