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“Já não me chateio com a imprensa cor de rosa”

I don't care about sensationalist press



Patrícia Candoso é uma atriz conhecida da televisão portuguesa. Já fez novelas, lançou dois discos, participou em musicais, fez peças de teatro e está em turné com a comédia “Uma Emprega dos Diabos”. Com tanto cinzentismo a pintar o país, é bom poder rir.

Vida Ribatejana: Apesar de ser jovem, já tem uma carreira bastante preenchida. Começou pelas telenovelas, apresentou programas de viagem, participou em musicais para crianças onde tinha que dançar em patins, fez teatro de revista e já lançou dois discos. O que lhe falta?
Patrícia Candoso: (risos) Tanta coisa! O cinema, por exemplo. Apesar de já ter dado a voz em duas longas metragens animadas. Talvez um dia venha a participar em algum filme.

Mas é uma atriz multifacetada. Considera importante essa versatilidade no seu mercado de trabalho?
Sem dúvida! Cada vez mais há a noção no meio artístico de que temos que saber mais do representar. É necessário dar a voz, dançar, sorrir, usar o corpo em várias áreas. Tem que se ser o mais completo possível. Quando comecei, confesso que tudo isto era algo que me passava ao lado, mas acho que me fui descobrindo e revelando.

Um dos lados cada vez mais exigido às figuras públicas é uma imagem perfeita. Ultimamente até tem dado dicas de moda e beleza na sua página de facebook. É uma resposta a essa necessidade?
Na representação tem que haver espaço para todos, até porque na vida real há de tudo: gordos, magros, altos, baixos, bonitos e feios. No entanto, há, de facto, cada vez mais essa exigência no cuidado com a aparência e, sobretudo, com o mediatismo. Independentemente do aspeto exterior, cada vez mais o que importa é a notoriedade daquele indivíduo e não uma qualidade visual. É quem chama mais a atenção que vence, seja por motivos positivos ou negativos. A televisão, neste aspeto, é muito mais refém, por causa das audiências e da publicidade. Mas eu comporto-me para as redes sociais de formas distintas. O linkedin, por exemplo, uso-o como uma ferramenta de promoção profissional. Já no facebook, dou a conhecer os meus trabalhos bem como o meu dia a dia e assuntos que me interessam e que poderão cativar os meus fãs.

Porque não cria um blog? Está bastante em voga.
Já pensei nisso mas, sinceramente, falta-me tempo. É preciso imensa dedicação, uma equipa a pensar nos assuntos, nas fotografias, enfim, em todo a estrutura do site. E, para já, o meu objetivo não é profissionalizar estas ideias e dicas que vou dando. São apenas parcerias comerciais que gosto de promover.

Chegou a viver em Almeirim. Tem alguma relação próxima com o Ribatejo?
Nem por isso. Os meus pais são do norte de Portugal e Almeirim foi apenas uma pequena paragem de dois anos antes de irem para Lisboa. Tenho uma tia que é professora numa escola Secundária, em Vila Franca de Xira, e um tio que trabalhou na antiga fábrica da Colgate que, segundo sei, já encerrou.

Esta é uma região muito ligada às tradições tauromáquicas. Tem uma opinião sobre o assunto?
Há quem goste e quem desgoste. Acho que temos que encontrar um compromisso e nunca podemos ser arrogantes ao ponto de negarmos ao outro lado o direito à sua opinião. Não sou de radicalismos e gosto de consensos. Por isso, não vou ver touradas, até me fazem uma certa impressão, confesso. Porém, percebo que haja motivos culturais e tradições que movam tantos aficionados e regiões do país. É, por isso, importante encontrar acordos.

"Uma Empregada dos Diabos" é uma adaptação de um original francês que já tinha sido encenada nos anos 1980 em Portugal. Deduzo que tenham feito uma revisão à história.
Depois da revista “Porque Não Emigras” (ainda em cena) queríamos encontrar um argumento que se adaptasse aos seis atores que existem na companhia. Procurámos imenso e encontrámos esta que era a ideal porque tem exactamente três personagens masculinos e três femininos. A minha personagem, por exemplo, na peça com o Armando Cortês e a Florbela Queiroz, era uma menina pobre que vinha do campo para a cidade, nunca tinha visto o mar, muito inocente e com poucos estudos. Hoje, a mesma emprega é uma ucraniana, loura, imigrante e espertalhona. Antes não havia telemóveis nem internet, por isso foi tudo alterado para a atualidade. E acho que conseguimos um óptimo resultado mantendo o espírito da peça. A família continua completamente destruturada: temos o marido que é um advogado respeitável; o filho que é músico e tem a mania que é artista; a filha é vaidosa e é o espelho da mãe que quer ser famosa e nunca consegue. Um dia fazem um jantar importante e para manter as aparências contratam uma empregada para ajudar no serviço. Só quem contratam uma ucraniana que tem visões e a dona da casa, mesmo que não goste dela, tem que aceitar os desmandos dela sob pena de não tem o jantar pronto. E a partir daí sucedem-se uma série de peripécias muito engraçadas. Boa disposição garantida.

Um dos lados positivos de andar em turné é que acaba por viajar muito e contactar de perto com os fãs.
Temos histórias tão bonitas quão caricatas. O público afastado dos grandes centros urbanos é muito carinhoso e humilde. As pessoas sentem-se próximas de nós porque entramos pela casa dentro através da televisão e ficam espantadas por verem que, afinal, ao vivo somos normais. Já faço teatro itinerante há tanto tempo que acabo por rever as pessoas que vi em anos anteriores e criam-se laços muito ternos. Às vezes, até nos convidam para ir a casa, comer pão e queijo com eles. Num dos últimos fins de semana, no meio de uma cena, um homem de meia idade atendeu o telefone e começou a falar alto no meio da plateia. Nós parámos a peça e dissemos ao senhor para fazer a chamada à vontade que a gente esperava. Toda a gente se riu, claro. Não há maldade. É tão bom.

Lida bem com o sucesso?
Acho que estou numa boa fase. Há 10 anos, se saísse uma notícia mais desagradável numa revista, ia para casa e chorava. Agora, nem quero saber. Desenvolvi a maturidade suficiente para conseguir lidar com os altos e baixos da carreira e para relativizar. A imprensa cor de rosa faz parte da profissão e não vale a pena chatear-me com isso.

Pensou em desisitir?
(Hesita) Não. Ultrapassei os obstáculos mas vi tudo isso como um processo de aprendizagem. As situações mais chatas acabam por ser pontuais e nunca a norma. E todos temos que perceber que, uma coisa é sonhar, outra é a realidade.



Patricia Candoso is a well-known Portuguese actress. She’s done telenovelas, released two albums, participated in musicals and made theatre. Only missing is cinema. Soon, maybe.

Ribatejana life: Despite being young, you already have a well filled career. You started on soap operas, presented travel programs, participated in musicals for children where you had to dance on skates, did theatre and has released two music albums. What it lacks?
Patricia Candoso: (laughs) So much! Cinema, for example. Although I had given my voice to two animated feature characters. Maybe one day I’ll take part in a movie.

But you are a multifaceted actress. Is it important that versatility in your business?
No doubt! Increasingly there is a notion in arts that we have to know more than represent a character. One must give voice, know how to dance, smile, cry, and know how to use our body in several areas. You have to be complete as possible. When I started, I confess that all this was something that passed by me, but I think I’m discovering and revealing myself more and more.

And you also have to be beautiful and physically perfect. Lately you’ve given up fashion and beauty tips in your facebook page. It is a response to this need?
There has be room for all, because in real life there is everything: fat, thin, tall, short, beautiful and ugly. However, there is, in fact, increasingly a need to take care of appearance and, above all, to have a lot of media attention. Regardless of the exterior aspect, increasingly what matters is the awareness that one individual as in media and fame despite is image. Who is the most striking of all is the one that wins, either with positive or negative reasons. Television, in this aspect, it is almost like an hostage because of ratings and advertising needs. But I behave myself to social networks in different ways. The linkedin, for example, I use it as a career development tool. On facebook, I talk about my work and my everyday life and topics that interest me and that could captivate my fans.

Why not create a blog? It is quite in vogue.
I thought of that but honestly, I lack time. It takes immense dedication, a team of people, thinking about the subjects in the photographs, the site structure, etc. And, for now, my goal is not to professionalize these ideas and tips. Those are just commercial partnerships I like to promote.

You’re now on stage with a comedy “Uma Empregada dos Diabos” – “What an evil maid!” And you’re the maid…
My character is a Ukrainian immigrant, blond, immigrant and very sly. She works for a very crazy family, where the is a reputable lawyer; the son is a musician and has a thinks is a big artist; the daughter is vain and her mother's mirror that because both wants to be famous and never can. One day, they all plan a very important dinner and, to keep up appearances, they hire a maid but who they hire is almost as crazy has them.

You’re showing the play all over the country. One of the positive sides of walking on tour is that you can contact with locals.
We have stories so beautiful as funny. The public away from large urban centers is much more caring and humble. People feel close to us because we walk into their homes through television and them become amazed because they see that, after all, we're normal. I’m on tour for almost 10 years and it happens that we see the same people over and over again, so we create special bonds with a lot of them. Sometimes they even invite us to go to their homes, eat bread and cheese with them. There is no bad intentions, only good people.

Do you cope well with fame?
I think I'm in a good phase. 10 years ago, if I read unpleasant news about me in a magazine, I went home and cried. Now, I do not want to know. I developed the maturity to cope with the ups and downs of my career and to relativize. The sensationalist press is part of the profession and it’s not worth my time.

Have your ever thought about giving up?

(Hesitates) No. I passed a lot of obstacles but I saw those as a learning process. The most boring situations turn out to be punctual and never the norm. And we all have to realize that dream is one thing, reality another.

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