Eu adoro ser surpreendido por boas histórias. Gosto de fugir
do óbvio e o que mais desejo é encontrar algo de novo. A curiosidade é um
sentimento muito humano: foi isso que levou os portugueses a descobrir o
caminho marítimo para a Índia e os norte-americanos a chegar à lua.
Quando fiquei desempregado há alguns anos, temi que fosse
ultrapassado por gente mais nova e resignei-me, por breves momentos, às
consequências da globalização. Mas quem me conhece sabe que raramente me
resigno. Pela mesma altura, a minha melhor amiga engravidou pela primeira vez.
Como é natural nestas ocasiões, começaram a flutuar entre amigos ideias para as
prendas mais importantes a dar à futura mãe. Conheço a Maria da Luz há quase 15
anos. Estudámos na mesma escola, viajámos juntos e acompanhei-a por bons e maus
momentos. Gosto muito dela e sei o ser humano único que é. E também sei o muito
que deambulou até chegar à gravidez. Eu não tenho filhos mas imagino os dilemas,
os dramas, as interrogações e medos que devem povoar a mente de uma mulher
quando este tema se aproxima. O mundo mudou muito para a Mary Light (é assim
que a malta a trata) por isso, em nome da nossa amizade, achei que devia de lhe
dar mais do que um esterilizador de biberão ou mantinhas para a bebé. Apesar de
muito útil que tudo isto seja!
Uns tempos antes eu tinha descoberto as maravilhas da
tecnologia da impressão à medida ou print on demand. Imprimir apenas um livro
era tecnologicamente impossível até há bem pouco tempo, apesar de, em certa
medida, a tecnologia já existir (basta olhar para as fotocopiadoras). Porém, foi
só com o surgimento da impressão digital, nos anos de 1990, que passou a ser
possível qualquer pessoa produzir o seu livro, fotografia, cartaz ou pintura
sem recorrer a grandes rotativas e gastar fortunas em centenas de exemplares,
quando apenas se queriam um ou dois livros. Assim, a partir do início deste
século, surgem as primeiras plataformas on line ajudam a produzir sobretudo álbuns
digitais através de softwares fáceis de utilizar. Só que é preciso tempo,
jeito, paciência e algum talento para perceber tudo o que está em jogo: os
tipos de letra, a qualidade das fotografias, a melhor sequência das imagens, o
formato, tempo para descobrir quais as empresas que fornecem o melhor serviço,
têm o melhor papel, as capas mais apelativas, entre outros pormenores. Fui praticando
produzindo os meus próprios livros, a maioria sobre viagens que fizera.
Por isso, quando a Maria da Luz engravidou tudo se conjugou para
ter uma ideia espetacular: fazer-lhe um livro com um resumo da sua vida, desde
os seus primeiros anos de vida, a começar pela foto mais antiga, terminando na
sua última imagem, já grávida, e ao lado uma ecografia da Sara, a menina que
viria a nascer umas semanas mais tarde. Contactei o pai e, em segredo, recolhemos
dezenas de imagens perdidas nas prateleiras e gavetas e com os meus
conhecimentos compilei um álbum que poderia fazer jus à história de vida da
Maria da Luz. Dei-lhe o título de “A História da Minha Vida – volume I”.
Fui visitá-la nos primeiros dias depois de regressar a casa,
estava ela de cabelo desgrenhado, olheiras, ar fatigado mas um olhar de mãe
apaixonada. A Mary Light era outra mulher. Sentámo-nos nos sofá, com a Sara a
dormitar ao colo dela e aproveitei o momento para lhe oferecer o livro. Pegou no
livro e começou a folheá-lo. Foi aí que, com o movimento dos dedos, viu desfolhar
perante os seus olhos a sua vida, os seus amigos, as suas viagens, alegrias, imagens
de quando se mascarava ao lado dos pais, momentos que estavam já esquecidos na
memória. “Onde foste arranjar estas fotos todas?”, perguntou-me emocionada. Ao
fim de alguns minutos, lágrimas corriam-lhe pela face. Senti-me culpado por lhe
estar a provocar tamanho embate emocional mas sabia que estava feliz e
orgulhosa. A maioria aventura da sua vida ainda mal começara.
Foi aí que tive a ideia de criar a storybook. Pensei: “porque
não fornecer este serviço? Ajudar as pessoas a produzirem o seu livro, a sua
história para guardar ou oferecer a alguém de quem se goste muito?” Temos
tantas histórias para contar além da gravidez de uma amiga ou familiar. Há
viagens que se fazem, casamentos, batizados, aniversários, biografias de
família e tanta coisa mais! Foi assim que nasceu o meu pequeno negócio. Até
agora já produzi mais de 20 livros e tenho sempre alguns em mãos. Sinto-me privilegiado
pelas histórias que me chegam à caixa de correio e é fascinante descobrir o amor
e carinho que existem por aí: filhos que oferecem um livro à mãe no seu 65º
aniversário; um namorado apaixonado pela sua cara metade que reencontrou 20
anos depois do primeiro encontro; um pai octogenário que quer deixar aos seus
dez filhos uma biografia da família; um grupo de amigos que quer registar um
dia de passeio; ou um irmão babado que oferece um livro à sua ‘mana mais nova.
Ideias não faltam. Estou sempre à espera de ser surpreendido.
I love
being surprised by good stories. I like to escape the obvious and what I most
desire is to find something new. Curiosity is a very human feeling: that's what
led the Portuguese to discover the sea route to India in the 1400’s and the US
to reach the moon.
When I was
unemployed a few years ago, I feared it was overtaken by younger people and
resigned myself, briefly, the consequences of globalization. But who knows me
knows that I rarely give up. Around the same time, my best friend got pregnant
for the first time. Naturally in these occasions, friends began to exchange
ideas for the perfect gift. I know Maria da Luz for nearly 15 years. We studied
at the same school, we traveled together and I was there through good and bad
times. I like her very much and I know the amazing and unique human being that she
is. And I know how much she wandered to reach the pregnancy. I do not have
children but I imagine the dilemmas, dramas, the questions and fears that
should populate the mind of a woman when this topic approaches. The world has
changed a lot for Mary Light (that's how her closest friends call her, the
translation of her name in English) so in the name of our friendship, I thought
I should give her more than a bottle sterilizer or cute baby blankets. Although
they are very useful!
A while
before I discovered the wonders of print on demand. Printing only one book was
technologically impossible until very recently. So when Maria da Luz got pregnant
all factors combined for a spectacular idea: to make a book with a summary of
his life, from her early years, starting with her oldest photo, ending in her
last image, already pregnant, next to an ultrasound of Sara, the girl who would
be born a few weeks later. I contacted the father and secretly collect dozens
of images who were lost on shelves and drawers and with my knowledge I compiled
an album that could do justice to Mary Light life story. I gave the book/photo album
the title "The Story of My Life - Volume I ".
I went to
visit her a couple days after she returned home with Sara on her lap. When she
opened the door she had disheveled hair, red eyes, exhausted look but one passionate
mother look. Mary Light was different woman. We sat on the couch, with Sara
dozing on her lap and I took the time to give her my gift. He picked up the
book and began to leaf through it. It was only then when, with the movement of her
fingers, she saw her life defoliate before her eyes, her friends, her travels,
joys, pictures when she was a small innocent girl beside her parents, moments
that were already forgotten in her memory. "Where did you get all these
pictures?", she asked me very emotional. After a few minutes, tears ran
down her cheeks. I felt a little bit guilty but knew that those were tears of
joy. Her most important adventure had barely begun.
That's when
I got the idea to create storybook. I thought, "why not provide this
service to customers? Why not help people produce their own book for themselves
or to offer as a gift?" We have so many stories to tell besides beautiful
pregnancies of a friend or family member. There are trips that we do, weddings,
baptisms, birthdays, family biographies, and so much more! Thus it was born my
small business. I had produced more than 20 books so far and I’ve always have
some album in hand. I feel so privileged by the stories that come me by email
and it is fascinating to discover the love and care that exist out there: children
offering a book to their mother by her 65th birthday; a passionate boyfriend that
reunited to his former love 20 years after the first meeting; an octogenarian
father who wants to leave to their ten children a family biography; a group of
friends who want to remember a day of vacations; or a frill brother who offers
a book to its' younger sis. Ideas abound. I'm always waiting to be surprised.
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