O silêncio é uma mistura de verde com azul. Pelo menos
na serra da Bica da Cana, na ilha da Madeira, de onde se vê prados, florestas e
mar em todo o redor. O Paúl da Serra, é um dos meus locais preferidos neste
arquipélago. Gosto da praia, dos picos montanhosos, do centro histórico do
Funchal, da gastronomia, mas ali, naquele planalto único, a vista abarca todo o
horizonte e, por incrível que possa parecer, está praticamente vazio de
turistas. Respira-se calma e serenidade. O contraste é interessante,
comparativamente com o resto do arquipélago acidentado. Deste ponto, a 1500
metros de altitude, consigo contemplar quase metade da ilha: o oceano Atlântico
nos lados norte e sul, as vertentes íngremes da serra do Areeiro e do pico
Ruivo a este, São Vicente lá em baixo, os vales onde está enfiado o Curral das
Freiras, e todo o Paúl da Serra a oeste, uma zona onde a erosão do tempo deixou
um planalto de 24 quilómetros quadrados, onde está instalado um parque eólico e
só se vê verde e estradas em linha reta, um paradigma numa terra onde só
existem túneis, curvas sinosas e vias que chegam a ter 11 por cento de
inclinação. Poucas pessoas apreciam estas mudanças repentinas, mas elas fazem
parte deste pedaço de território português. E eu, confesso, fascina-me como
tanta natureza consegue estar compactada num espaço tão exíguo. E daqui, no
Paúl da Serra, consigo contemplar um pouco disso tudo. Estou em cima das nuvens
e sinto-me o rei do mundo. Por isso é que adorei estar neste local tão
sossegado e afastado das rotas turísticas. Há mar, nuvens, verde, campos
cultivados, solidão, uma casa aqui e acolá, silêncio, natureza, encostas
íngremes e há paz.
Silence is a mixture of green with blue. At
least in the Serra da Bica da Cana, on the island of Madeira, where you see
meadows, forests and ocean all around. The
Paul da Serra, is one of my favorite places in this portuguese archipelago. I
like the beach, the mountain peaks, the Funchal historical center, the gastronomy,
but here, in this single plateau, the view encompasses the entire horizon and,
incredible as it may seem, it is virtually empty of tourists. It breathes calm and serenity. The
contrast is interesting compared to the rest of the rugged island. From
this point, at 5000 feet, I can contemplate almost half of the island: the
Atlantic Ocean in the north and south sides, the steep slopes of Areeiro
mountain and the Pico Ruivo to the east, Saint Vincent down below, the valleys
where it is stuck the
small village of Curral das Freiras, and all the Paul da Serra on the west side,
an area where the erosion of time left a 10 square miles plateau, where is
installed a wind farm and we only can see green and straight roads, a paradigm
in a land where
there are only tunnels, curves after curves, and roads that have up to 11
percent slope. Few
people appreciate these sudden changes, but they are part of this piece of Portuguese
territory. And
I confess, It fascinates me how much nature can be compressed in such a
confined space. And
here, in Paul da Serra, I can contemplate a bit of it. I'm on top of the
clouds and I'm the king of the world. That's
why I loved being in here, as it is so quiet and away from the tourist routes. There
are sea, clouds, green colors, cultivated fields, loneliness, a house here and
there, silence, nature, steep slopes and… so much peace.
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