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Frango português

Portuguese style chicken


Não há nada como estar no estrangeiro e descobrir, no canto mais insuspeito, um pedaço de Portugal: uma mercearia com bacalhau no centro de Londres; um café com bitoques, em frente da estação de comboios do Luxemburgo; um pastel de nata, numa pastelaria na quinta avenida, em Nova Iorque; ou frango no churrasco, no Nando’s, em Joanesburgo, África do Sul.
Estou a subir a Pitt Street, em Sidney, em direcção à baía. É quase meia noite. Aterrei ao final da tarde e só ainda tive tempo de pôr as malas no quarto. A cabeça ainda está aos solavancos depois de quase 24 horas em trânsito entre Londres, Singapura e a maior cidade australiana. Estou apenas a fazer o primeiro reconhecimento à selva urbana. Há muito de semelhante com uma qualquer cidade norte-americana: os automóveis Chevrolet; os arranha céus envidraçados que tapam as estrelas; muita gente loura; e as ruas em quadrícula, que dão um jeitaço do caraças! Ultrapasso transversais sucessivamente, sempre puxando pelos sentidos. Há cheiros, ruídos, pormenores que quero reter para sempre.
No cruzamento com a Liverpool Street estaco ao sinal vermelho. Tenho tempo para apreciar a paisagem circundante, ouvir os sons, as línguas que se cruzam, sentir a temperatura do hemisfério sul e enjoar com os cheiros de comida rápida, tubos de escape e perfumarias asiáticas. Nem tudo pode ser perfeito. Estou super emocionado por estar a concretizar um desejo de infância. Devo ter o aspeto de uma criança quando desembrulha as prendas de Natal. Olho para a direita e depois para a esquerda e… depois…. pimba! A primeira surpresa da noite. O letreiro com um galo inspirado no congénere de Barcelos chama-me a atenção e logo por baixo a marca Ogalo com o sugestivo slogan “portuguese style chicken and burguer” sobressai sob o fundo amarelo. Esbugalho os olhos e leio o placard várias vezes e deixo de prestar atenção aos semáforos, às pessoas à minha volta, aos barulhos e buzinadelas. Em vez de seguir em frente, viro hipnotizado em direcção ao restaurante de comida rápida agora com ar de criança intrigada. E não é que descubro que este é apenas mais um dos espaços de uma cadeia de restaurantes que vende comida rápida portuguesa na Austrália e Nova Zelândia. Mas…. espera lá, existe uma espécie de Mcdonald’s à portuguesa?
Não resisto a entrar e percorrer a sala até ao balcão. Beef prego, chiccken prego burguer ou o pinegalo burguer são algumas das opções. O aspeto é idêntico a tantos outros do género e o cheiro é praticamente o mesmo. Desengane-se quem espere encontrar frango da guia. Ainda assim, comecei a salivar. Cedo à tentação e faço um pedido. A empregada asiática distribui os vários pacotes pelo tabuleiro que eu pego e levo até à mesa. Este é um momento memorável. Desconhecia que o frango era considerado um alimento tão importante na gastronomia ao ponto de ser mote para uma cadeia de fast food. Bom… sabia que existia o Nando’s que até é um sucesso em diversos países, mas esta nova marca foi uma surpresa. O que mais me espanta nem é a escolha do frango como tema de um franschinsing gastronómico: fazer bacalhau à Braz deve ser mais complicado vender a gente habituada a outros paladares. Para mim, o mais peculiar é que o conceito não é exportado do país de origem ao contrário da Mcdonald’s, da baguete, do tango ou da vodca. É preciso percorrer metade do globo para descobrir um negócio criado por um português com cheiro a capitalismo. É incrível como sabemos tão pouco somos nós próprios.


There's nothing like being abroad and discover in the most unsuspected corner, a piece of Portugal: a grocery store with cod in central London; a coffee with bitoques in front of the Luxembourg train station; a Portuguese custard tart in a pastry on Fifth Avenue in New York; or chicken barbecue in Johannesburg’s Nando's.
I'm up the Pitt Street in Sydney, towards the bay area. It's almost midnight. I landed in the evening and only had time to put the bags in the room. My head is still bumping after almost 24 hours in transit between London, Singapore and the largest Australian city. I'm just doing the first recognition of the urban jungle. A lot is similar to any American city: the Chevrolet cars; skyscrapers hiding the stars; lots of blond people; and grid streets, which is helps a lot when one comes from Europe! I continue surpassing streets over and over again, always pulling the senses. There are odors, noise, details that I want to hold forever.
At the junction with Liverpool Street I stop on the red light. I have time to enjoy the surrounding views, hear the sounds, the different languages​, feel the temperature of the southern hemisphere and get a little sick with the smell of fast food, exhaust pipes and Asian fluff. Not everything can be perfect. I am so thrilled to fulfill a childhood dream. I must look like a child when unwraps Christmas gifts. I look to the right and then to the left and ... then .... pauch! The first surprise of the night. There’s a sign with a cock inspired by the counterpart of Barcelos that called my attention and just below the Ogalo brand the suggestive slogan "portuguese style chicken and burger" stands under the yellow background. Open my eyes and read the placard several times and forget the traffic lights, people around me, the sounds and honks. Instead of moving on, I turn hypnotized towards the fast food restaurant with a intrigued look on may face. Not only that, I find that this is just one of the several spaces of a restaurant chain that sells Portuguese fast food in Australia and New Zealand. But .... wait, there is a Portuguese version of McDonald's?

I can not resist getting in and cross through the room up to the counter. Beef prego, chiccken prego burguer ou o pinegalo burguer are some options. Prego for the non Portuguese is a type of sandwich with meat inside. The appearance is similar to so many others fast food chains and the smell is pretty much the same. But if you ever tasted Portuguese chicken here you won’t find the real deal. I began to salivate though. I order and a Asian maid distributes the various packages in the the board that I pick up and take to the table. This is a memorable moment, dear reader! I was unaware that chicken was considered such a Portuguese specialty to the point of having a fast food chain of their own. Well ... I know that there’s Nando's, a big success in many countries. But Nando’s it is not a fast food chain. This new brand was a surprise to me. What amazes me the most is not the choice of chicken as a gastronomic theme: cod, much more appreciated among my Portuguese fellows, must be more complicated to sell in some parts of the globe. To me, what is incredible is that the concept is not exported from the country of origin like McDonald's, the baguette, tango or vodka. You need to cross half the globe to find a capitalistic business created by a Portuguese. It's amazing how little we know about ourselves.

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