Quando decidi criar a storybook o meu propósito era simples: registar em livro as memórias dos
meus clientes. Parti do meu próprio exemplo que, penso, aplica-se à maioria das
pessoas. Todos acumulamos dezenas ou mesmo centenas de fotografias em álbuns,
dossiês, micas, pastas e envelopes, disseminados pelas prateleiras, armários e
bibliotecas da nossa casa. Casamentos a que fomos, viagens que já fizemos,
pessoas que conhecemos, festas onde nos divertimos, colegas de trabalho que nos
visitaram, familiares de quem temos saudades, sítios por onde passámos,
aniversários que celebrámos, gente que vimos crescer, e por aí fora. Sim, a
vida é feita de milhares de memórias que se acumulam ao longo do tempo. Porém,
até há uns anos, era simples pegar e ordenar estas imagens num álbum
fotográfico. Viajávamos menos, mudávamos menos de emprego, provavelmente a vida
era menos, digamos, agitada e a foto era paga ao rolo. Porém, acho que concorda
comigo, muito mudou desde talvez os anos 1990. Radicalmente. Com o advento das
máquinas fotográficas digitais e, sobretudo, com os telemóveis com câmaras
incorporadas, vamos acumulando não centenas mas milhares, muitos milhares, de imagens
que registam quase todos os segundos das nossas vidas: sair de casa, entrar no
carro, um lanche com as amigas, uma ida à praia, na discoteca, no sofá, o pôr
do sol, etc., etc., etc.. Acho que vivemos numa época revolucionária. A minha
geração (eu nasci em 1976) atravessou épocas bem distintas e, temo, estamos a
criar uma sociedade que desconhece como é viver sem telemóveis ou facebook. Não
critico o uso das novas tecnologias. Sinceramente, esse seria um exercício
inglório. O futuro está aí e ou nos adaptamos ou emigramos para uma ilha
deserta. O que acho é que, como seres humanos, é fácil perdermo-nos neste
emaranhado de recordações e momentos. Ainda há dias, para uma pesquisa pessoal,
precisar de procurar documentos num CD e deparei-me, sem querer, com fotos
antigas com um cão que tive mas que morreu muito pequeno. Fiquei boquiaberto e
até um pouco triste porque nem me lembrava do nome do pobre bicho. Simplesmente
tinha-me olvidado e apenas aquela fotografia me despertou para um detalhe já
obliterado. Não é incrível? Quem já não sentiu isto ao folhear um álbum de
fotografias ou ao abrir uma pasta esquecida no computador? “Já nem me lembrava
disto!”, exclamamos, por vezes. Confesso que é um receio que tenho: esquecer ou
apagar, inadvertidamente, da memória momentos que foram importantes.
O risco existe embora seja perfeitamente evitável. E falo
por experiência própria. Por motivos, talvez financeiros e não só, a minha
família guarda poucas memórias do passado. Tenho um punhado de fotografias de
quando era criança e poucas da minha adolescência. Como já o disse, nos anos 80 eram inexistentes as tecnologias da atualidade. Invejo as famílias que conseguem ter registo
dos bisavós, trisavós, de parentes distantes, de momentos a preto e branco
guardados em baús no sótão da casa. Isso é tão valioso! Eu acredito que mais do
que telemóveis, carros, viagens, relógios ou roupa de marca, o que nos torna
humanos são as nossas recordações de vida. Tudo o resto gasta-se, apaga-se ou
pode ser substituído pelo gadget seguinte. A sua gravidez, o primeiro sorriso
do seu filho, o nosso primeiro dia de escola ou o primeiro grande amor são itens
únicos do nosso percurso aqui na Terra.
Acho por isso que é imperioso que registemos tudo com paixão.
Os álbuns fotográficos são uma das formas de o fazer, juntando legendas,
escrevendo atrás das fotografias, dando nomes aos ficheiros digitais, elaborando
um diário ou, melhor, criando um livro personalizado. Foi por tudo isto que
criei a storybook: ajudar a eternizar momentos da vida das pessoas, para que
nunca se esqueça daquele cão que teve quando era pequeno mas que já nem se
lembrava dele.
When I
decided to create storybook my purpose was very simple: create memory books for
my clients. I use my own example that I think applies to most of us. We all
accumulate tens or even hundreds of photographs in albums, files, folders and
envelopes, spread out in shelves, cabinets and libraries of our house. Weddings
we went, trips we've done, people we knew, parties where we had fun, work
colleagues who visited us, family members we miss, special places where we
spent only a few days, birthdays we’ve celebrated, people who saw growing up,
and so on . Yes, life is made of thousands of memories that we accumulate over
time. But until a few years ago it was simple to pick up and order all these
images in a photo album. We traveled less, we changed less jobs, life was less
likely, say, agitated and the photo was paid by the roll. But I think, and I
hope you agree with me, much has changed radically since, perhaps, the 1990s.
With the advent of digital cameras and especially with mobile phones with
built-in cameras, we accumulated not hundreds but thousands, many thousands, of
images that record almost every second of our lives: leaving home, get in the
car, a snack with friends, going to the beach, a pose in the night club, on the
couch, a sunset, etc., etc., etc. I think we live in a revolutionary epoch. My
generation (I was born in 1976) went through very different times and I fear we
are creating a society that doesn’t knows how to live without mobile phones or
facebook. I do not criticize the use of new technologies. Honestly, this would
be an inglorious exercise. The future is here and either we adapt or go to a
desert island. What I find is that, as humans, it is easy to get lost in this
tangle of memories and moments. A few days ago, for a personal need I searched
for documents on a CD and I came across unwittingly with old photos with a dog
that had died when he was too young. I was stunned and even a little sad
because I not even remembered the poor animal's name. I simply forgot. It was the
photograph that awoke me to a detail already obliterated in my mind. Isn’t it
amazing? Who didn’t felt like this when flipping through a photo album or
opening a forgotten folder on your computer? "I didn’t even remember this!"
we exclaim sometimes. I admit this is a fear that I have: to forget or erase
inadvertently memory moments that were important.
The risk
exists even though it is entirely preventable. And I speak from my own
experience. For, perhaps, financial reasons and otherwise, my family keeps a
few memories of the past. I just have a handful of pictures as a child and a
few of my adolescence. As I have said, in the 1980s they it didn’t exist the
current technologies. I envy those families who can have a record of
great-grandparents, great-great-grandparents, distant relatives, moments stored
in black and white pieces of paper hidden in the bottom of old trunks kept in
the attic. This is so valuable! I believe this more valuable than mobile
phones, cars, travel, watches or designer clothes. Those old pictures it’s what
make us humans: our life memories. All the rest goes out or can be replaced by
the following gadget. Our pregnancy, the first smile of our child, our first
day at school or our first great love are all items that make our journey on Earth
so unique.
That’s why I
think it is imperative that we keep and register every stories of our life with
passion. The photo books are one way to do so, adding subtitles, writing behind
the photographs, giving specific names to digital files, writing a diary or
rather creating a custom book. It was because of all this that I created storybook:
to help immortalize moments of people's lives, so you never forget that dog’s
name that you had when you were young.
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